Diante de todos e do caixão ainda aberto, ela alisava com bastante calma todas as linhas da face do rosto dele. As lágrimas rolando por seus olhos, mas nenhum barulho que a traísse que estava chorando. Por fim, ela fez cafuné de leve no morto e o beijou lentamente, como se ela pudesse se agarrar a este beijo, se agarrar a todas as lembranças que os dois viveram, até quando ela viver.
Ela sorria agora. Encaminhou-se a mim e disse as palavras mais verdadeiras que alguém poderia dizer sobre esse casal.
- Sabe Carlos, esse homem veio ao mundo somente para me amar.
Era verdade. Eu jamais havia visto um amor como o deles. Não deixavam de sair, não deixavam de se ver, as brigas não existiam, eles faziam tudo um pelo outro, ele a olhava como se fosse a única, a mais importante. Ele a olhava como se fosse um cego olhando o sol pela primeira vez. A amou mais que as crianças deles, mais que os pais, mais do que alguém possa imaginar. Algo que talvez pareça engraçado é o modo de como eles sabiam que o tempo deles era curto, e por isso, aproveitaram o amor da melhor maneira possível. A única mulher que eu conheço que amou somente um cara e que casaria e amaria esse homem tudo de novo se fosse possível.
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